quarta-feira, 13 de outubro de 2021

(DES)FAZ

Ali sentada, com a caneta na mão e as lágrimas teimando em rolar pelo rosto, entendeu finalmente a solidão da vida. As pessoas que iam e vinham pelos encontros do acaso e que deixando um pouco de si levavam também um pouco dela. Restavam-lhe, portanto, apenas pedaços que mal podia reconhecer e que tampouco se encaixavam entre si. Teve vontade de pegar uma borracha e, como quem apaga as linhas escritas a lápis num papel, simplesmente recomeçar sua história. Mas lembrou-se de que não seria o bastante, mesmo apagando o grafite da folha, ainda assim, continuaria vendo as marcas do que um dia lá esteve. Não restavam-lhe portanto opções, a não ser, continuar vivendo. Pegou seus pedaços e se fez forte, para continuar caminhando e carregando tudo que podia ser.


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