quinta-feira, 11 de abril de 2013

Aquela noite.

Não posso dizer que foi uma grande surpresa pois somos sintonizados demais para isso. Eu sabia de tudo, mas fingia desconfiar. Também não foi tão romântico assim pois nos conhecemos bem demais para isso. Ele estava nervoso, controlando cada passo. Subimos andares e mais andares.
Era noite e havia um delicioso som de piano preenchendo o ambiente. Lá fora, haviam luzes e mais luzes de uma cidade que, agitada como sempre, não parou para nos assistir. Aliás, quem parou fomos nós. Hipnotizados pela paisagem, banhados pelo vento frio, agradecemos a Deus por cada segundo de vida, cada suspiro e cada batida de nossos corações apaixonados.

O relógio tão distante, mas tão grande, sussurava que eram quase onze horas da noite. E eu ainda procurava a bendita caixinha que fora devidamente escondida. 

O fato é que eu nunca havia estado em um lugar daqueles. E achei até que fosse me sentir deslocada. Mas, de alguma forma, eu sabia que não havia outro lugar no mundo em que eu pudesse estar naquele momento. Me sentia livre, completa, feliz.
Conversamos e comemos por horas a fio. A luz suave e o clima sereno nos deixava cada vez mais a vontade, com uma espécie de ansiedade tranquila, gostosa de sentir. Sabíamos que aquele era um momento especial e da forma mais “nossa” possível, ele disse que havia me escolhido.

Não me lembro de uma palavra sequer, mas ainda posso fechar os olhos e me lembrar da sensação, da emoção. “É agora, é isso, preste atenção, decore o que ele diz, aproveite!” Pois é, lá estava a caixinha aveludada, com o anel mais delicado e lindo do mundo. Em cima da mesa e bem na minha frente. E foi atrás dela que eu encontrei aqueles olhos tão brilhantes, cheios de amor e expectativas.

Ele sabia que meu coração já havia feito sua escolha há quase quatro anos atrás. De certa forma, o que ele realmente gostaria de saber era se havia feito tudo exatamente como eu sonhava. E a resposta foi: sim. 
Mais uma vez, eu dizia sim para ele, para o seu abraço protetor, para seu beijo carinhoso, para o seu sorriso lindo. Então nos abraçamos e o piano continuou a tocar, os garçons continuaram a servir e as pessoas continuaram a conversar.

Era isso, não havia palmas, não havia assobios. Éramos, provavelmente, só mais um casal que trocava alianças de noivado e promessas de amor naquele local, naquela noite. Mas, em algum lugar do céu estrelado, os anjos cantaram e dançaram, comemorando o encontro de duas almas destinadas a felicidade.


Enfim, noivos.