quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estou triste.


E não é porque me fizeram qualquer coisa, mas porque de fato fizeram algo. E depois da Falsidade, foram a Pretenção e a Arrogância que quiseram me consolar. Mas era tarde. A Ambição mostrava sua verdadeira face: linda por fora, vazia por dentro. Enquanto sua máscara caia aos meus pés, apenas acenei ao longe. Estava convencida de que não cabia a mim contar-lhe onde daria aquele caminho. Hora de juntar as coisas e continuar seguindo. Pelo lado oposto.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Pausa.


O mundo não para. Veio a coca cola. Veio a garrafa pet. Veio o copo com gelo e limão.
Se antes a gente pedia pra vir, agora são eles que se fazem aparecer. A regra é pedir “só o copo” e aguentar de bom grado a cara feia do garcon.
Pra quem aprendeu a ler na cartilha, o mundo é Hi-Tech, Hi-Lo, e a gente fica dando oi sei lá pra quem. Pra ter rede social não precisa largar as fraudas. E o outro mundo já está ai, devorando cada segundo de infância que nos resta.
A tecnologia foi parar na palma da mão de qualquer um. Se orelhão ficasse em casa, virava cabide igual a esteira elétrica que ganhei no último natal.
Não é trem, é metrô. Não é comida, é fast food. Mas já tá tudo tão rápido. Pra que tanta pressa? Será que dá pra sentar com a família e comer em paz? Aé, não tem família. Separou. 
De repente percebi que to precisando tomar um ar. Esse não que ta poluído. Tô precisando do condicionado. É assim que a gente se engana e finge que tá cuidando do aquecimento lá fora.
E ainda tem esse giro 360º. Tudo virado, tudo diferente e errado. Tá me deixando enjoada. Socorro. Alguém me trás uma água com açúcar.
É pra já! Mas sem gelo e limão.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Descreve.

As vezes eu queria que você fosse como eu sou.
Que gostasse das palavras e escrevesse sem parar.
Passaríamos noites em claro digitando poemas de amor sob a luz de uma vela.
Se pelo menos você gostasse, poderíamos encher a estante de livros e decorar a mesa com jornais.
As paredes seriam pintadas em frases e não mais em linhas.
E aquelas nossas brigas se tornariam verdadeiros romances de novela.
Teríamos caixas de cartas, bilhetes e roteiros de férias imaginárias entupindo os armários.
Se realmente você fosse como eu, não jogaríamos as palavras da boca para fora.
Nosso amor estaria em cada pedaço de papel, como um mapa escrito a mão.
Mas eu sei que você não é. E isso não quer dizer que entre nós exista um ponto final.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Rotina.

Remexo.
Reviro.
Estremeço.
Deliro.
Enlouqueço.
Piro.
Esqueço.
Adormeço.
Respiro.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bagunça.

Quando abri os olhos senti como se tudo ainda fosse como antes. A realidade, então, abriu a porta do quarto a pontapés e me concedeu um grande soco no estômago. Virei para o lado em busca de socorro. Os lençóis frios e estendidos gritavam sua ausência de forma ensurdecedora. Corri para longe de tudo e deixei que cada lágrima lavasse a entrada do meu coração. Chegou a hora de arrumar as coisas por aqui.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

As cores da alma.

Na terceira gaveta do meu criado-mudo mora um arco-íris. Desses que a gente guarda em vidrinhos. Tudo separado e sempre bem juntinho. Vira e mexe uma cor sai de lá que é pra eu sair com ela. Sempre na ponta dos dedos.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Não mais.

Não vou mais dormir.
Enquanto as horas não pararem, os segundos não cessarem:
Não vou mais sentir.
Enquanto o mundo faz-se surdo e o chão de lama fica imundo:
Não vou mais ouvir.
Enquanto a musica das letras não soar como um poema:
Não vou mais mentir.
Enquanto o vento for de brisa e no punho vir faísca:
Não vou mais. Cair.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Heranças.

Depois que seu avô se foi, Maria ganhou uma amiga. Antes disso, não se lembrava de ter conversado tanto com ela. Jamais percebera que por trás daquela mulher forte e briguenta havia tanta coragem para enfrentar a vida. Parece que vinte e dois anos depois de chegar a este mundo, ela estava começando a conhecer o mundo da avó. Cheio de histórias e receitas que lhe faziam querer voltar no tempo e aproveitar cada segundo que desperdiçou em brigas e malcriações. O tempo as uniu para que conhecessem o verdadeiro sentido da amizade. E mesmo lá de cima, seu avô ainda sorri.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Luz.

Espantei o medo de escuro abrindo as janelas da alma.

Louco.

Ele brinca no abismo da loucura.
Profana no eco dos sonhos.
Leva os olhos negros de torpor.
É dono deste e de todos os mundos.
Tem a coragem nas pontas dos dedos.
Nunca coube dentro de si.
Ele quer viver por ela.

Antes de tudo.

Meus desejos e seus medos,
ditos de antemão.

Todos os pontos e virgulas,
no deslizar de nossas mãos.

Ontem a noite.

Restaram memórias complexas, perplexas e desconexas.

Sininhos.

A maioria da pessoas som sindrome de Peter Pan acredita estar na “Terra do Sempre”.

Do outro lado do balcão.

Começou num copo. E acabou em outro. Entre eles, alguns anos foram deixados para trás. Gentilmente a bebida lhe apagava as mágoas pedindo em troca o melhor de sua juventude. O álcool entrou em suas veia gole por gole e ela se deixou levar com o coração em pedaços. No começo houve diversão, pensamentos que evaporavam pelo ar, beijos que faziam girar o céu. Toda tarde ganhava uma dose de alegria, de esperança e de amor. Os dias frios passaram a ser quentes e depois vieram as noites, as luzes, as portas de banheiro pichadas e as garrafas vazias espalhadas pelo chão. Achavam que aquilo era o frescor da juventude. Também não puderam apagar as brigas, os gritos, as lágrimas. E as noites frustrantes de sono irremediável. Deixaram de ser um casal. Deixaram de ser jovens. E também deixaram os sonhos para trás. Enquanto ele aumentou as doses ela fez crescer a distância que os separa.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Inverno.

O dia acordou choroso, como as lágrimas úmidas da saudade.

Sem você tudo aqui é pó, tudo pela metade.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Adiante.

Mar distante
de instante amar
amor de estante
hei de encontrar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Segura.

De pé na igreja e buquê na mão.
Só faltou a aliança no dedo pois o noivo não estava no coração.
Ela fugiu.

Mimada.

Quero roupa nova, mudar o cabelo, sair correndo na chuva e passar batom vermelho. Quero brincar, correr, dançar. E quero para sempre sair do lugar. Quero comer e não engordar, quero sorrir e nunca mais chorar. Quero amar, gritar te amo, e cantar para o mundo inteiro ouvir. Quero pra mim, quero pros outros, quero poder dividir. Quero escrever, quero ilustrar, e ser ilustre para alguém. Quero ser mil, quero ser dez e quero fazer o bem. Quero pra ontem o hoje e o amanhã. Quero alegria e felicidade sem fim. Mas o que eu quero mesmo é agradecer por ter você perto de mim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O planeta pede socorro.

As pessoas são como os lagos. Ninguém sabe o que tem no fundo, até que falte água.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Confiante.

Na escola a gente aprende tanta coisa que acaba esquecendo de boa parte antes dos 21. Mas tem uma coisa que ninguém jamais vai esquecer: o ciclo da água.

Ai você cresce e pensa: “Legal, eu já sei de onde vem a chuva e não consigo nem escapar de uma enchente.”

Mas fique tranquilo. O que a tia da pré-escola queria mesmo que você soubesse é que a confiança é uma nuvem. E o ciclo da água é apenas mais uma representação dos seus relacionamentos.

Pois imagine-se em pleno verão. Seu coração é o céu que brilha azulzinho, bem limpinho, deixando que o sol lhe ilumine de maneira intensa e quase cansativa.
Você está cego pela certeza de que o que o importante é curtir. Na verdade é até bom não enxergar nada, porque você só quer sentir.

Ai, como um relâmpago – tudo bem, não tão rápido – você cansa do sol e a sombra parece uma boa idéia. E sabe o que acontece quando você chega na sombrinha, todo confiante? Tem alguém lá. Alguém que realmente deixa aquela falta de sol bem mais legal.

Esse alguém novo faz aquele velho céu lá fora ficar ainda mais brilhante com raios de sol e faíscas por toda a parte. Você até pensa que não fazia sentido nenhum ficar tão exposto assim!

Bom, vamos andar logo com isso. Você conheceu melhor essa pessoa e pronto, surgiu a nuvenzinha lá no céu azulzinho. A nuvem que você já sabe o que significa, porque depois de alguns encontros e beijinhos você criou um certo nível de confiança.

Papo vai, papo vem, o tempo voa como nunca e o céu ganha uma nuvem cada vez maior. Ela fica cheia, gorda e já impede que alguns raios de sol cheguem a você. Consequentemente, sua visão começa a ficar mais nítida, as coisas fazem mais sentido e o sentir torna-se muito mais especial se aquela pessoa está por perto.

E a nuvem? Ela cresce, cresce e fica lá, em cima da sua cabecinha, afastando os pensamentos bobos e o ciúmes burro. Até que, um belo – ou feio – dia, uma brisa de desconfiança sopra naquele céu onde tudo corria muito bem. A brisa vira um vendaval e começa uma verdadeira tempestade que destrói a nuvenzinha. Toda confiança vai embora, bueiro abaixo.

Os raios de sol começam a embaçar sua visão e o sentir volta a ter uma intensidade maior que o pensar. O ciúmes toma conta de seu coração e, além de pensar em certas besteira, você acaba por fazer algumas outras.

Agora, vamos voltar para a tal aula da tia da pré-escola. Como você deve se lembrar, estamos falando de um ciclo, que não termina nem se interrompe.

Pois é meu amigo. Com muito amor você pode formar sua nuvenzinha novamente e torná-la ainda maior do que antes. O segredo não está em nenhum caderno e não caiu na prova.
Basta aquecer os abraços de perdão, para que todas as mágoas derramadas possam evaporar e em seu lugar nada mais reste, do que um mar de amor, quem sabe, levemente salgado de lágrimas.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nublado.

Pedrinhas no sapato são como saudade: não se sente quando está andando nas nuvens.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Desfecho.

Como uma pétala de rosas. Foi assim que ela chegou suavemente ao chão, levando ao peito a mão vermelha de sangue. Seus espinhos não foram sufucientes para impedir que lhe tirassem uma parte muito importante. Quando chegaram, o que era rosa estava sem cor, sem dor e sem vida.