Eu queria um amor desses que a gente lê por aí. Cheio de músicas velhas e
revolucionários de outra geração. Um amor de vinil, de brechó, de roupas
furadas e cheias de histórias. Queria um amor de boteco, regado a cerveja,
cigarros e discussões cheias de ideais. Queria um amor de paredes pintadas, sofás
rasgados, poemas espalhados pelo chão, noites mal dormidas, esmaltes
descascados. Sem planos, sem hora, sem medo, mas com muito batom vermelho
rabiscado no espelho. Queria um amor pra deitar em seus braços e olhar a rua do
alto de um prédio, brincando de Deus. E depois olhar pro céu, pensando em
estrelas candentes e planetas velhos. Queria um amor de penteadeira, de pó de
arroz e de all star sujo com a sola descolada. Queria um amor que fosse todo ele
pra completar o ela que existe em mim. Sem
regras, nem tabus. Um amor de elogios complexos, observações particulares e
emoções incompreendidas explodindo no peito. Um amor de dois. Com chocolate
barato, flores roubadas no jardim da vizinha, comida fria sobre a mesa e beijos
quentes em qualquer lugar. Queria um amor de versos, prosas e palavras gritadas
no meio da rua, alcançando o outro lado da calçada. Um amor de palco, de tela,
de cabines fotográficas e poses vergonhosas. Queria um amor de camisetas brancas,
braços fortes, meias gastas, e restos de tinta nas pontas dos dedos. Um amor por
inteiro, sem meias palavras. Uma amor da década passada, sem futuro e sem
presentes comprados. Um amor de ler, de amar e de sentir falta depois que a
gente escreve a ultima página de uma longa história.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
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